terça-feira, 25 de maio de 2010

PS Bragança - Crónica de uma morte anunciada

Decorreram na passada sexta-feira as eleições para a Comissão Politica Concelhia do PS Bragança. Ao longo das últimas semanas fui questionado sobre qual dos candidatos apoiava ou qual a minha opinião sobre estas eleições. A quem perguntava apenas respondia que não integrava qualquer lista nem apoiava qualquer dos candidatos, afirmado que me iria abster e nem sequer participar no acto eleitoral.
Passado que está o acto eleitoral e com a nova concelhia eleita, urge agora quebrar o silêncio a que me remeti e justificar esta opção, fazendo a perspectiva dos (negros) anos que se avizinham.
É um facto que o acto eleitoral de dia 21 ficou marcado pela existência de duas listas, facto de saudar atento o falso unanimíssimo que havia marcado os últimos actos eleitorais. Contudo, das duas listas que se apresentaram a sufrágio, nenhuma constituía solução! De um lado mais do mesmo, as mesmas caras e a continuação da falta de rumo e de projectos que marcou os últimos 4 anos. Do outro, nada de novo. Um conjunto de pessoas que de comum só tinham o facto de serem oposição à actual estrutura concelhia, alguns dos quais também já por lá passaram e pouco ou nada fizeram e outros que de fora contribuíram para prejudicar a imagem do partido e que, por vezes, o chegaram mesmo a afrontar.
Perante este cenário optei por ficar de fora. E fiquei de fora porque nunca fui convidado por qualquer dos candidatos mas, acima de tudo, porque mesmo que o tivesse sido, nunca teria aceitado. Se é um facto que nunca nenhum dos candidatos falou comigo para integrar o seu projecto, talvez por terem nas suas listas pessoas mais capazes ou adequadas à função que vão desempenhar, não deixa de ser verdade que alguns representantes, cuja legitimidade desconheço, pois não sei se o fizeram por mandato do candidato ou não, procuraram aferir da minha disponibilidade para integrar uma das listas.
A todos respondi que no cenário actual não integraria qualquer lista. Não me revia nem revejo em qualquer dos candidatos ou em qualquer das listas apresentadas a sufrágio e muito menos aceitaria integrar uma lista apenas e só por integrar uma determinada quota ou designado por uma determinada pessoa ou organização.
Mas não se confundam as coisas. Mesmo não integrando nenhuma das listas poderia integrar a comissão politica, através de uma das inerências da JS. Nunca confundi a integração de uma lista com a integração nos órgãos. Os motivos que me levaram a não estar disponível para integrar qualquer lista não se verificavam quanto à participação na CPC pois o papel seria sempre diferente. Sempre me mostrei disponível para tal.
Contudo tal não acontecerá. O Secretariado da Juventude Socialista de Bragança optou por preencher as inerências a que tem direito com jovens que não são militantes do PS, alegando que aqueles que, como eu, o são, se tinham voluntariamente excluído das listas. Não estive presente na reunião de secretariado, mas estou certo que esta solução inovadora se funda em critérios de cariz objectivo e tem como finalidade garantir uma adequada representação da JS na concelhia do PS.
Estranha-se que haja pessoas que sejam consideradas competentes para integrar o secretariado da JS que sejam colocadas fora dos órgãos do partido, sem que JS as tenha indicado nas inerências. Das duas uma, ou alguém confunde a recusa de integrar listas com a falta de vontade em integrar os órgãos e não percebe a diferença entre inerência e membro eleito ou a JS não considera essas pessoas competentes para a representar na CPC e dispõe de elementos melhores, sendo que, neste caso, o coordenador concelhio da JS deveria incluir os melhores elementos no seu secretariado e excluir aqueles que não considera competentes.
Estranho da mesma forma o apoio que alguns dirigentes da concelhia da JS deram à candidatura vencedora. Aceito o argumento que uma das listas nem sequer falou com a JS. Não aceito é que se feche os olhos ao que se passou na última campanha autárquica e que saiba-se lá a que título se esqueça a marginalização e falta de confiança que a JS Bragança foi alvo na elaboração das listas autárquicas e se apoie precisamente a pessoa responsável por este comportamento.
Como se costuma dizer, as desculpas não se pedem, evitam-se! Mas parece que há pessoas com quem não é preciso evitar os erros bastando à posteiori desculpar-se por eles, mesmo que, quem sabe, conscientemente se tencionem cometer de novo. É pena que se assista já na juventude a alguns dos defeitos que mais descredibilizam a classe política e que alguns jovens não saibam ter uma atitude coerente. É pena que se privilegie a subserviência e o compadrio à competência, À discussão, à abertura e ao pluralismo.
Não tenho grandes ilusões quanto ao mandato que ora se inicia e estou certo que mais uma vez os projectos apresentados a sufrágio ficarão guardados na gaveta repetindo-se episódios a que já assisti vezes sem conta e cometendo-se os mesmos erros do passado, tudo sem qualquer esperança de tempos melhores no futuro. Não vejo como é que alguém que dirigiu o partido nos últimos 4 anos pode ser parte da solução sendo um dos rostos do problema. Não sei se alguém terá “descoberto a pólvora” ou encontrado o norte mas os últimos 4 anos levam-me a olhar o futuro com desconfiança.
Às vezes é melhor ficar de fora. Este é um dos casos. Estou e continuarei a estar disponível para colaborar com o PS Bragança e com a JS Bragança em tudo quanto me for solicitado e desde que as pessoas solicitem a minha colaboração e me reconheçam competência para tal. Espero que as pessoas que passam a integrar os novos órgãos estejam conscientes da importância do mandato que ora começa e comecem a criar as bases para o ressurgimento do PS Bragança. Mas não creio! Quanto a mim penso que se aproximam dias de tempestade…