segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Livro da semana

Quem trabalha sabe que o tempo livre disponível é muito reduzido e apenas dá para uma pequena parte das coisas que gostaríamos de fazer. No entanto, um dos prazeres do qual não me privo é o prazer de ler um bom livro.

Deste modo, e gostando de partilhar com algumas das pessoas que acompanham este blog algumas das minhas preferências literárias, vou inauguras neste espaço uma nova secção - o Livro da Semana.

Normalmente não gosto de ter dois livros começados, e raramente deixo um livro a meio. Contudo confesso que gosto de estar em cima do acontecimento e sou bastante consumista e influenciável por campanhas de marketing. Deste modo, esta semana aconselho um livro que acabei agora de ler: Caim de José Saramago


Campanhas de Marketing à parte, e mesmo não concordando com o próprio autor quando afirma que este é o seu melhor livro, Caim é um livro intelectualmente estimulante que nos faz reflectir e pôr à prova algumas das nossas convicções.

Já disse e redisse aqui que sou católico praticante e a minha fé não é abalada por livros ou autores que profiram afirmações polémicas ou criticas. Contudo, não é a polémica gerada à volta de um livro que nos deve impedir de o ler.

Quem ler verá nele toda a grandiosidade da escrita de Saramago, a sua filosofia habitual e a sua critica geracional, típica do autor. Não obstante a polémica, que sempre marcou a carreira e a obra do autor (de lembrar o caso Evangelho Segundo Jesus Cristo), esta obra continua a ser uma obra de referência, de leitura obrigatória para todos aqueles que gostam de ler um livro para algo mais do que para passar o tempo.

Tomada de posse do XVIII Governo Constitucional

Em primeiro lugar um pedido de desculpa aos meus seguidores... De facto, com a campanha eleitoral para as autárquicas e com o período de descanso e maturação dos resultados que se seguiu, o meu blog esteve inactivo. Infelizmente durante a campanha não tive tempo e depois não tive capacidade. Estava mesmo a precisar de descanso.

Desculpas à parte, este meu regresso às segundas feiras coincide com a tomada de posse do XVIII Governo Constitucional, motivo pelo qual não posso desde já deixar de abordar o tema.

Falemos em primeiro lugar da composição do governo, reconhecendo, no mínimo, que o governo integra nomes surpreendentes. De facto José Sócrates, além de ter mantido um grande sigilo à volta das escolhas, que apenas foi quebrado no dia da apresentação dos nomes em Belém, surpreendeu tudo e todos com o nome de alguns dos ministros.

Não me pronuncio sobre o reforço da componente feminina do governo, pois penso que esta é uma questão acessória, onde o essencial é a competência e apetência dos ministros para as funções que vão desempenhar, independentemente do sexo. E quanto à competência, Sócrates optou por manter o núcleo duro do seu anterior executivo (mesmo com algumas mudanças de pasta), adoptando, para a escolha dos restantes, o critério da competência e experiência profissional, em detrimento da experiência politica e de nomes mais conhecidos do publico em geral.

Assim sendo, nucleo duro à parte, o novo governo é composto por profissionais com formação especifica e conhecimentos práticos na respectiva área de tutela. O futuro dirá se esta foi uma boa opção, principalmente num governo minoritário, no qual, quanto a mim, a experiência politica e capacidade de diálogo vai ser essencial para aferir das potencialidades e probabilidades de sucesso.

Contudo, e numa época de crise, é importante deixar de lado as potencialidades dos nomes que integram o novo governo e o seu perfil técnico-profissional e centrar-mo-nos no âmago da questão - os desafios que esperam o novo governo.

De facto, a concretização dos grandes projectos, obras publicas como o TGV e o novo Aeroporto podem e devem ser uma das grandes prioridades para a nova legislatura, transformando-se em motores essenciais da economia. Outro grande desafio, se não o principal, será aferir da capacidade do novo governo manter a tendência de reforma que marcou a legislatura anterior, tendência claramente dificultada pelo facto de estarmos perante um governo minoritário.

Deste modo, o equilíbrio entre acção e diálogo será essencial para a concretização das medidas constantes do programa de governo. Contudo, será também essencial que o 1º ministro e o PS não abdiquem das medidas nas quais os Portugueses votaram. è preciso não esquecer que os Portugueses quiseram, maioritariamente, que fosse o PS a governar. Quem votou PS votou, de forma coerente, num programa de governo, que agora se espera, venha a ser concretizado. è bom que a oposição se lembre disto e respeite o voto dos Portugueses e, se necessário, que o 1º Ministro não ponha a estabilidade à frente do programa que a democracia escolheu para o Portugal dos próximos 4 anos.