domingo, 19 de setembro de 2010

O Fim de um ciclo

Na vida tudo termina e tudo acaba! Após cerca de nove meses de mandato, chega ao fim o mandato da Concelhia da Juventude Socialista de Bragança. E chega ao fim, não pelo decurso do tempo daquilo que os Estatutos estabelecem como mandato (2 anos), mas motivado pelo pedido de demissão apresentado pelo Coordenador Concelhio, pedido no qual, provavelmente, irá ser acompanhado pela maioria dos membros da Comissão Politica, o que implicará a queda deste órgão, e novas eleições.

Tal como o tempo de gestação, estes nove meses de mandato ficam marcados por aspectos positivos, merecedores do maior destaque e dignos de elogio, mas também por alguns aspectos negativos, demasiados até, talvez, para o curto espaço de tempo decorrido, que sendo dignos da minha maior censura, me levam a não lamentar este desfecho.

Fechada a porta deste mandato, olho para trás e faço um balanço, que infelizmente é negativo. Voltasse eu atrás e talvez não tivesse aceite o convite de integrar esta equipa, liderada por uma pessoa que eu temia, à partida, não ser a mais indicada para o cargo e não ter perfil para a missão com a qual se iria deparar. Hoje, ao olhar para trás, vejo que tinha razão! O meu erro foi ter aceite, e com essa aceitação, colaborado para este desfecho.

Retomo a frase de um dos meus artigos anteriores: “É pena que se assista já na juventude a alguns dos defeitos que mais descredibilizam a classe política e que alguns jovens não saibam ter uma atitude coerente”. Mais, é lamentável que se assista já numa juventude partidária a laivos de narcisismo e egocentrismo, que se cultive a ingratidão, a hipocrisia, o unanimismo e a subserviência e se censure as pessoas que tenham pensamentos divergentes, não permitindo o debate de ideias, antes, cultivando o “carneirismo”. É irónico que se cometam os mesmos erros que se tinham acabado de criticar aos outros, quando chegamos ao poder.

Eu sei que não vivi no período do Estado Novo mas, sem qualquer desprimor para aqueles que atravessaram este período, devo ter vivido um ambiente semelhante na Concelhia da JS neste mandato que ora termina. Punido por delito de opinião, fui alvo de segregação, afastado das actividades, e até excluído de participar na reunião de Órgãos para os quais tinha sido democraticamente eleito. Apenas por manifestar o que pensava e me recusar a dizer “Amen” a tudo quanto era dito pelo Coordenador, ou talvez por insistir pensar pela minha cabeça no processo de eleição do novo dirigente federativo, foi-me comunicado que o Sr. Coordenador tinha perdido a sua confiança pessoal e politica na minha pessoa e deixava de contar comigo.

Desde então, passei a ser “persona non grata” e deixei de ser convocado para as reuniões do Secretariado Concelhio, órgão eleito pela Comissão Politica e onde me encontrava de pleno direito. Atónito ouvi hoje o Sr. Coodenado justificar esta conduta reconhecendo que, apesar de eu continuar legal e estatutariamente a integrar o secretariado (pois a minha substituição nunca foi deliberada nem sufragada), ele unilateralmente, “e porque lhe apeteceu”, tinha decidido, ao arrepio de todas as normas, deixar de me convocar. Seria uma maneira fácil de justificar este facto, se não vivêssemos numa democracia! Que tal o Presidente da AR deixar de convocar para as reuniões os deputados da oposição?!

Não é que a falta de confiança política do Sr. Coordenador, o facto de ele ter deixado de contar comigo, ou a minha saída do Secretariado, me incomodem. Incomoda-me sim o facto, que não posso deixar de publicitar, de existirem tendências de censura e despotismo numa pessoa que ambiciona ser um dos políticos de amanhã. É este um dos políticos que Portugal anseia?! Eu não! Será este o futuro líder distrital da Federação da JS?! Espero que não!

Assim, com base nos resultados da Comissão Politica Concelhia de hoje, não posso deixar de me congratular com a demissão de uma pessoa incapaz de exercer o seu mandato, e manifestar os meus anseios de uma Concelhia da JS Bragança melhor e mais forte! Apetece dizer que pior é impossível!

Com o fim de um ciclo, espero que seja o inicio de outro! E um novo ciclo marcado por um líder da Concelhia da JS Bragança mais tolerante e democrático, capaz de conviver com o pluralismo e de aproveitar todas as opiniões que surjam, mesmo que estas sejam, à partida diferentes da sua! É este o meu desejo! Lembro-me de uma velha máxima que não posso deixar de citar: Todos juntos seremos mais fortes!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Reflexões…

Há muito, muito tempo, era uma vez um jovem príncipe preocupado e empenhado com os assuntos da governação do reino. Como todos os jovens normais, também o nosso jovem príncipe tinha o seu grupo de amigos, em quem confiava, e com quem contava, quer para o acomodar nas tropelias da corte quer para o aconselhar em diversas matérias.

Um certo dia, o melhor amigo do nosso jovem príncipe informa-o que vai convidar um dos seus amigos (que o príncipe não conhecia) para integrar a corte. Como é sabido, nessa altura apenas era permitido integrar a corte às pessoas que fossem devidamente convidadas e autorizadas. O amigo do nosso jovem príncipe, vendo que o seu amigo já havia demonstrado, fora da corte, a sua competência e aptidão, e reconhecendo que este poderia ser uma mais-valia em termos militares e de influência, pois era possuidor de vastas terras e de um grande exército, considerava útil que este viesse para a corte.

Mas eis que o pai do nosso príncipe, o rei, estava a envelhecer, e à medida que o tempo de se tornar rei se aproximava, o nosso jovem príncipe começava a tornar-se cada vez mais desconfiado, quase com medo da própria sombra, vendo em qualquer lado um inimigo.

Ora, vendo neste estrangeiro uma potencial ameaça, o nosso príncipe tentou convencer o seu amigo a não o convidar a integrar a corte, deixando vincada a sua posição: o estrangeiro poderia integrar a corte mas nunca integraria o seu grupo de amigos nem seria uma pessoa bem-vinda. Dizia o jovem príncipe que este estrangeiro era um interesseiro e um oportunista, que apenas tinha terras e exércitos graças ao apoio de outros príncipes estrangeiros e que não perderia a oportunidade de o derrubar caso tivesse esta possibilidade. Contrariado acabou por se resignar à vontade do amigo, que persistente, manteve a sua posição.

Algum tempo mais tarde, o rei morreu e o nosso jovem príncipe tornou-se rei. Confiando no seu melhor amigo atribuiu-lhe o cargo de chanceler e começou a escolher as pessoas para integrar o conselho real. É então que o seu chanceler lhe recomenda o nome do estrangeiro. Após bastante discussão e após ouvir mais alguns dos seus amigos, o príncipe acabou por aceitar a recomendação. O rei não gostava do estrangeiro, nunca o tinha aceite no seu grupo de amigos, mas acaba por designá-lo como conselheiro, chegando mesmo, a nomeá-lo seu secretário pessoal, não por lhe reconhecer competência ou por ter por ele admiração, mas apenas e só com o intuito de o manter por perto e sob controlo.

Com o passar do tempo a opinião do Rei e do seu chanceler sob o rumo a dar ao reino foi divergindo. Como bom amigo que era o chanceler sempre transmitia a sua opinião sincera e honesta, procurando ajudar o seu amigo. Contudo o Rei havia-se tornado prepotente e não gostava que discordassem dele. À medida que as opiniões iam divergindo, o Rei começou a olhar o seu chanceler com desconfiança.

O Secretário Pessoal (o nosso estrangeiro), apesar de ser amigo do chanceler, vendo uma hipótese de o substituir, começa a alimentar essa desconfiança e a apoiar as opiniões do Rei, quer concordasse com elas ou não. Alimentado pelo Secretário Pessoal, o Rei começa a ver no seu Chanceler um potencial inimigo, e decide afastá-lo do cargo e promover o secretário pessoal a chanceler. Depois de afastar o seu antigo amigo do cargo de chanceler, o Rei determina que este seja banido da corte e, algum tempo mais tarde, acaba por determinar que seja executado.

Esta é, resumidamente, a história de Henrique VIII, de Thomas More e de Thomas Cromwell, uma história que ainda hoje me fascina. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de Julho de 1535, ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. Algum tempo mais tarde o rei veria quem era na verdade Thomas Cromwell e este seria sujeito ao mesmo destino de More.

Esta história ocorreu há muito, muito tempo, mas, se pensarmos bem, histórias como esta continuam a acontecer ainda hoje, em sítios bem perto de nós. A intriga, o oportunismo, a falsidade e a hipocrisia continuam a ser, como então eram, marcas do nosso tempo, onde a injustiça continua a imperar. Mas, tal como Thomas More, continuo a acreditar que é possível ser diferente, que é possível aprender com a história e continuo a lutar pela realização do sonho e a tornar cada vez mais real a Utopia.

terça-feira, 25 de maio de 2010

PS Bragança - Crónica de uma morte anunciada

Decorreram na passada sexta-feira as eleições para a Comissão Politica Concelhia do PS Bragança. Ao longo das últimas semanas fui questionado sobre qual dos candidatos apoiava ou qual a minha opinião sobre estas eleições. A quem perguntava apenas respondia que não integrava qualquer lista nem apoiava qualquer dos candidatos, afirmado que me iria abster e nem sequer participar no acto eleitoral.
Passado que está o acto eleitoral e com a nova concelhia eleita, urge agora quebrar o silêncio a que me remeti e justificar esta opção, fazendo a perspectiva dos (negros) anos que se avizinham.
É um facto que o acto eleitoral de dia 21 ficou marcado pela existência de duas listas, facto de saudar atento o falso unanimíssimo que havia marcado os últimos actos eleitorais. Contudo, das duas listas que se apresentaram a sufrágio, nenhuma constituía solução! De um lado mais do mesmo, as mesmas caras e a continuação da falta de rumo e de projectos que marcou os últimos 4 anos. Do outro, nada de novo. Um conjunto de pessoas que de comum só tinham o facto de serem oposição à actual estrutura concelhia, alguns dos quais também já por lá passaram e pouco ou nada fizeram e outros que de fora contribuíram para prejudicar a imagem do partido e que, por vezes, o chegaram mesmo a afrontar.
Perante este cenário optei por ficar de fora. E fiquei de fora porque nunca fui convidado por qualquer dos candidatos mas, acima de tudo, porque mesmo que o tivesse sido, nunca teria aceitado. Se é um facto que nunca nenhum dos candidatos falou comigo para integrar o seu projecto, talvez por terem nas suas listas pessoas mais capazes ou adequadas à função que vão desempenhar, não deixa de ser verdade que alguns representantes, cuja legitimidade desconheço, pois não sei se o fizeram por mandato do candidato ou não, procuraram aferir da minha disponibilidade para integrar uma das listas.
A todos respondi que no cenário actual não integraria qualquer lista. Não me revia nem revejo em qualquer dos candidatos ou em qualquer das listas apresentadas a sufrágio e muito menos aceitaria integrar uma lista apenas e só por integrar uma determinada quota ou designado por uma determinada pessoa ou organização.
Mas não se confundam as coisas. Mesmo não integrando nenhuma das listas poderia integrar a comissão politica, através de uma das inerências da JS. Nunca confundi a integração de uma lista com a integração nos órgãos. Os motivos que me levaram a não estar disponível para integrar qualquer lista não se verificavam quanto à participação na CPC pois o papel seria sempre diferente. Sempre me mostrei disponível para tal.
Contudo tal não acontecerá. O Secretariado da Juventude Socialista de Bragança optou por preencher as inerências a que tem direito com jovens que não são militantes do PS, alegando que aqueles que, como eu, o são, se tinham voluntariamente excluído das listas. Não estive presente na reunião de secretariado, mas estou certo que esta solução inovadora se funda em critérios de cariz objectivo e tem como finalidade garantir uma adequada representação da JS na concelhia do PS.
Estranha-se que haja pessoas que sejam consideradas competentes para integrar o secretariado da JS que sejam colocadas fora dos órgãos do partido, sem que JS as tenha indicado nas inerências. Das duas uma, ou alguém confunde a recusa de integrar listas com a falta de vontade em integrar os órgãos e não percebe a diferença entre inerência e membro eleito ou a JS não considera essas pessoas competentes para a representar na CPC e dispõe de elementos melhores, sendo que, neste caso, o coordenador concelhio da JS deveria incluir os melhores elementos no seu secretariado e excluir aqueles que não considera competentes.
Estranho da mesma forma o apoio que alguns dirigentes da concelhia da JS deram à candidatura vencedora. Aceito o argumento que uma das listas nem sequer falou com a JS. Não aceito é que se feche os olhos ao que se passou na última campanha autárquica e que saiba-se lá a que título se esqueça a marginalização e falta de confiança que a JS Bragança foi alvo na elaboração das listas autárquicas e se apoie precisamente a pessoa responsável por este comportamento.
Como se costuma dizer, as desculpas não se pedem, evitam-se! Mas parece que há pessoas com quem não é preciso evitar os erros bastando à posteiori desculpar-se por eles, mesmo que, quem sabe, conscientemente se tencionem cometer de novo. É pena que se assista já na juventude a alguns dos defeitos que mais descredibilizam a classe política e que alguns jovens não saibam ter uma atitude coerente. É pena que se privilegie a subserviência e o compadrio à competência, À discussão, à abertura e ao pluralismo.
Não tenho grandes ilusões quanto ao mandato que ora se inicia e estou certo que mais uma vez os projectos apresentados a sufrágio ficarão guardados na gaveta repetindo-se episódios a que já assisti vezes sem conta e cometendo-se os mesmos erros do passado, tudo sem qualquer esperança de tempos melhores no futuro. Não vejo como é que alguém que dirigiu o partido nos últimos 4 anos pode ser parte da solução sendo um dos rostos do problema. Não sei se alguém terá “descoberto a pólvora” ou encontrado o norte mas os últimos 4 anos levam-me a olhar o futuro com desconfiança.
Às vezes é melhor ficar de fora. Este é um dos casos. Estou e continuarei a estar disponível para colaborar com o PS Bragança e com a JS Bragança em tudo quanto me for solicitado e desde que as pessoas solicitem a minha colaboração e me reconheçam competência para tal. Espero que as pessoas que passam a integrar os novos órgãos estejam conscientes da importância do mandato que ora começa e comecem a criar as bases para o ressurgimento do PS Bragança. Mas não creio! Quanto a mim penso que se aproximam dias de tempestade…

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril

Sou jovem e não vivi o 25 de Abril. Mas mesmo não o tendo vivido, ao contrário de alguns saudosista que por aí andam, daquilo que aprendi e daquilo que quem o viveu me contou, não tenho dúvidas que Portugal é hoje um País melhor.
A liberdade é e sempre será um valor essencial em qualquer sociedade, característica fundamental de um povo civilizado. O ser humano é um ser racional, pensa e tem vontade própria. Dentro dos limites normais inerentes ao convívio em sociedade, é o uso da liberdade que nos distingue dos animais irracionais.
Por muito que alguns a tentem confundir com libertinagem, a excepção confirma a regra, e mesmo que por vezes ela seja mal utilizada, a liberdade é um valor do qual não podemos nem devemos abdicar. Contudo, hoje, mais que nunca, no dia em que se comemora a liberdade, convém não esquecer que a liberdade de cada um acaba onde começa a do outro.
É nesse sentido, simbolizado pelo simples facto de poder estar a escrever estas pequenas linhas que hoje afirmo: Obrigado Capitães de Abril, obrigado a todos aqueles que ajudaram a derrubar o fascismo e permitiram construir o Portugal onde eu nasci e no qual vivo, a Pátria da qual muito me orgulho.

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade!


sábado, 27 de março de 2010

Uma questão de planos…

A semana que ora finda fica marcada, a nível local e a nível nacional, pela discussão de planos. Se ao nível do país tivemos a discussão sobre um plano de austeridade, designado PEC, em Bragança tivemos a discussão e votação em Assembleia Municipal do projecto da CMB para a Revisão do PDM. Perdoar-me-ão que atribua ao PDM, a nível concelhio, a mesma importância que atribuo ao PEC a nível nacional. Um e outro constituem documentos determinantes para a fixação de objectivos de desenvolvimento, instrumentos de enorme relevância, dentro do seu âmbito de aplicação, para a estabilidade e desenvolvimento das zonas geográficas a que dizem respeito. Neste sentido, seria expectável que um e outro merecessem tratamentos análogos na sua análise, discussão e aprovação. Contudo, apesar da similitude, a realidade demonstra abordagens muito diferentes.
Se ao nível nacional, o Governo, consciente da importância do PEC, fez questão de o debater com a oposição, mesmo não estando obrigado a fazê-lo, por cá, a CMB, talvez por ignorar a importância do PDM, apesar de obrigada a aprovar a Revisão em Assembleia Municipal, tudo fez para dificultar a sua votação neste órgão, e qual lei da rolha à moda do forte S. João de Deus, não entregou aos membros da AM a documentação do processo, remetendo-os para o site do município!
E se o governo fez questão de ouvir a oposição e até de acolher alguns dos seus contributos, chegando inclusive a alterar a sua proposta de resolução, o Sr. Presidente da CMB recusou ouvir a opinião das diversas forças politicas representadas na AM, dizendo que essas opiniões deveriam ter sido dadas em sede de discussão pública e lamentando que os partidos não tenham dado aí o seu contributo.
Numa clara confusão de planos, ou, por outras palavras, trocando os papeis, o senhor presidente confunde as funções da discussão publica com as funções da AM. Nada que nos estranhe de quem classifica uma intervenção legitima de um Presidente da Junta como manobra de diversão ou de quem já confundiu as funções do CMJ com as funções dos Partidos políticos, mas penso que alguém lhe deveria explicar a diferença…. É pena que nem todos compreendam que um órgão democraticamente eleito como a AM e os seus membros merecem mais respeito!
Mas as diferenças entre PEC e PDM não se ficam por aqui. Como um mal nunca vem só, às trapalhadas na apresentação do PDM à AM junta-se a falta de qualidade do mesmo.
Seguindo a recomendação do senhor Presidente, fui á internet ver o projecto de revisão e deparei-me com um Plano que de estratégico tem pouco e de políticas de desenvolvimento nada.
Não quero ser poeta, perdão, profeta da desgraça, mas, se no caso do PEC, concorde-se ou não com algumas das opções tomadas, facilmente se compreende a sua razão de ser e os objectivos que se pretendem atingir, o PDM constitui um documento desadequado e desactualizado, sem qualquer estratégia de futuro ou motivação válida para as opções de base territorial adoptadas.
Sendo PDM o instrumento que “estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais políticas urbanas”, a sua revisão constituía, como referido no Relatório “uma oportunidade em si” com inúmeras potencialidades.
Infelizmente, no caso de Bragança, a revisão do PDM constituiu mais uma oportunidade perdida! Após 10 anos de espera, é com uma enorme desilusão que me deparo com um plano marcado pela falta de visão estratégica e de objectivos, sem qualquer para o modelo de organização espacial e com um plano de execução que passa ao lado das apostas necessárias ao desenvolvimento da cidade e do concelho.
De facto é tudo uma questão de planos… ou de falta deles! Faz-me lembrar um artigo recentemente publicado no DN. Bragança está mesmo a morrer e o Eng.º Nunes é o seu coveiro!

domingo, 21 de março de 2010

Aos meus amigos!


Amigo

Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também


Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também


Aqueles
Aqueles que ficaram
Em toda a parte todo o mundo tem
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

Crónica do Vazio

Amigo, Maior que o pensamento, Por essa estrada amigo vem”!

Começa assim a letra de uma famosa canção de Zeca Afonso e que resume, no fundo um grande apelo à amizade. Um apelo que feliz ou infelizmente todos nós repetimos ou temos necessidade de repetir no dia-a-dia.
Utilizando um cliché muitas vezes invocado “a vida é para ser vivida”. Mas para viver a vida, o ser humano não pode estar sozinho! O ser humano é um ser social, vive e cresce em comunidade! Quando falo em viver em comunidade não limito ao normal encontro e desencontro com desconhecidos, aos momentos fugazes trocados com conhecidos ou com colegas de trabalho, mas, acima de tudo, aos verdadeiros momentos de conhecimento, crescimento e partilha que ocorrem entre pessoas que não só se conhecem, mas que gostam de estar juntas, que se respeitam, compreendem e ajudam mutuamente.
São essas pessoas que designamos de amigos, pessoas que nos aceitam como nós somos, nas quais confiamos, que estão ao nosso lado, nos bons e nos maus momentos, pessoas com quem gostamos de estar e sem as quais a vida não faz sentido. Mais que o banal convivo social e a rotina diária que por vezes nos leva a esquecer dos outros, o ser humano necessita de amigos!
De facto, a maior riqueza do mundo é ter um amigo! De nada vale um bom salário ou até ganhar o euromilhões se não temos ninguém que nos ajude a desfrutar e aproveitar essa riqueza! De nada valem sucessos pessoais ou profissionais quando estamos sós, perdidos no mundo e sem ninguém os reconheça! Muito mais do que de uma carreira ou de dinheiro, para viver a vida precisamos, acima de tudo, de amigos!
O que seria de nós sem alguém com quem partilhar os bons momentos, alguém que comungue das nossas alegrias, ou alguém que esteja ao nosso lado nas horas más ou nos momentos de desânimo, que nos apoie e dê coragem para continuar a lutar? A verdade é que os bons momentos perdem sentido sem alguém com quem os partilhar e os maus momentos podem ser muito piores se não tivermos alguém ao lado a dar-nos o seu apoio desinteressado.
Mesmo que, por diversos motivos, sejamos forçados a separar-nos dos nossos amigos, a amizade sobrevive à distância e mantém-se. Mesmo longe, os verdadeiros amigos não perdem a amizade nem o contacto e estão lá quando precisamos deles.
Mas, como dizia Camilo Castelo Branco: “
Amigo é uma palavra profanada pelo uso e barateada a cada hora, como a palavra de honra, que por aí anda desvirtualizando a honra.”! Na realidade a vida prega-nos algumas surpresas e desilusões. Por vezes confrontamo-nos com pessoas que consideramos amigos mas que não o são na verdade, pessoas nas quais pensamos poder confiar e contar, que nos batem nas costas e que aparentemente nos parecem apoiar mas que verdadeiramente nunca confiaram em nós, que falam mal de nós pelas costas, e que são os primeiros a rir-se se algum mal nos acontece. São pessoas que por, vezes, até ajudamos, mas que quando nos apercebemos nunca estão lá quando precisamos delas ou, mais grave, só estão connosco enquanto precisam de nós e se esquecem facilmente da nossa existência quando o motivo que os levou a aproximar desaparece – são os falsos amigos!
Infelizmente, por vezes, não distinguimos os amigos dos falsos amigos ou, inevitavelmente, chegamos até a confundir uns e outros. E se nos bons momentos, invariavelmente, uns e outros, estão lá, quer seja para partilhar verdadeiramente a nossa alegria ou para daí tirar algum proveito, é nos piores momentos da nossa vida que descobrimos os verdadeiros amigos.
É certo que mesmo quando tudo nos corre bem podemos procurar e encontrar alguns laivos de inveja ou alguns pés que nos procuram passar uma rasteira. Mas é quando algo nos corre mal, quando estamos nervosos ou preocupados com alguma situação, quando estamos tristes ou deprimidos que vemos quem é que verdadeiramente nos ajuda e nos procura apoiar. A verdadeira amizade é desinteressada e não procura obter nada em troca! É por isso que é nos piores momentos que facilmente se encontram os amigos.
É nos momentos em que estamos perdidos no meio do vazio que vemos de quem são os braços que nos puxam para cima e de quem são os braços que ficam cruzados a rir-se da situação!
Só aqueles que ficam quando não temos nada para lhes oferecer, que partilham as nossas mágoas, que estão ao nosso lado e nos oferecem o seu ombro para chorar, que nos procuram animar e ajudar nos momentos de desânimo é que são dignos de ser chamados amigos.
É por isso que eu costumo dizer que conhecidos tenho muitos, amigos tenho poucos, pois nem todos são dignos de serem chamados amigos. São esses que são bem-vindos, porque vêm por bem. É a esses poucos que eu quero pedir desculpa e agradecer! Desculpem-me pelos meus erros e cansaços. Obrigado por me aceitarem como sou, por existirem e por me ajudarem a encontrar um motivo para viver e para ser feliz! Obrigado por estarem aí e pelo apoio que me deram sempre que precisei e pelo prazer me dão em poder privar da vossa companhia!
Eu sei que posso contar convosco, vocês podem contar comigo! E como somos poucos, façam como dizia o Zeca e tragam outro amigo também!

terça-feira, 9 de março de 2010

Todas as Mulheres do Mundo - José Cid

São avós que nos contam histórias,
Eram mães que morriam por nós,
São irmãs quando precisamos
São amigas quando estamos sós.

São amantes nas noites de Verão
E aconchegam nas noites de Inverno
Quando estamos perdidos na vida
Vão connosco até ao inferno.

Todas as mulheres do Mundo,
São como rosas do meu jardim
É preciso estimá-las, beijá-las, sentir seu perfume nas noites sem fim
E se houver quem assume o contrário
É mentira pois tenho p'ra mim
Que todas as mulheres do Mundo
São como rosas do meu jardim

Têm espinhas por aí presente
Quase sempre maior do que a Lua
É ternura e publicidade
O que fica depois do Amor

São avós que nos contam histórias,

Eram mães que morriam por nós,
São irmãs quando precisamos
São amigas quando estamos sós.

E se houver quem assume o contrário
É mentira pois tenho p'ra mim
Que todas as mulheres do Mundo
São como rosas do meu jardim

Todas as mulheres do Mundo são como rosas do meu jardim.


José Cid, Todas as mulheres do Mundo



segunda-feira, 8 de março de 2010

Homenagem a todas as mulheres da minha vida!

Anjo És

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.

Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não têm. - Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?

Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... - Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É preciso Agir (comentário à noticia do DN de 18 de Fevereiro de 2010)

A acreditar no DN de hoje (18 de Fevereiro de 2010), algumas capitais de distrito, entre as quais se inclui Bragança “estão perto de situações perigosas” e “correm risco de desaparecer”. Esta noticia (http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1497343 )não nos pode deixar indiferentes e merece alguma reflexão, procurando analisar e justificar os factores que contribuíram para esta situação.
Não adianta assobiar para o lado, procurar “tapar o sol com uma peneira” e desmentir o indesmentível. Infelizmente os dados são reais e a crescente perda de influência geoestratégica e o ciclo vicioso de perda de população e consequente perda de serviços levam a que tenhamos necessariamente de admitir o pior cenário.
De nada vale a tentativa do Sr. Presidente da Câmara escamotear a realidade! A verdade é que a pirâmide etária do concelho e a distribuição da população pelas áreas de actividade vêem comprovar o noticiado e contrariar a sua visão.
Bragança é cada vez mais uma cidade e um concelho com forte dependência de capitais e serviços públicos, onde não se criam condições para atrair investimento privado e onde este investimento é inexistente ou de reduzida dimensão.
Não questiono nem me pronuncio sobre as virtudes da criação da universidade, mas entendo que a tendência para o desaparecimento de Bragança não se combate reclamando uma Universidade, que mais não seria que mais um serviço e um investimento público na cidade e na região. Pessoalmente penso que a solução não deverá passar por mais investimento público mas pela promoção de políticas de atracção da iniciativa privada e, acima de tudo, pela promoção de medidas de apoio e fixação da juventude, as quais terão, necessariamente, de passar pela criação de empregos.
O grande problema de Bragança é ser um concelho cada vez mais envelhecido, um concelho que os jovens têm de abandonar para concluir a sua formação académica e ao qual não têm condições de regressar por falta de oportunidades de emprego.
Facilmente se constata que pouco ou nada tem sido feito para inverter esta tendência. A realidade demonstra que os jovens não têm condições de se fixar em Bragança e a causa deste problema não é a falta de um estabelecimento de ensino superior.
De pouco serve vir, ciclicamente (quando dá jeito), falar na universidade, quando pouco ou nada se faz para fomentar a fixação dos jovens licenciados no IPB! Bragança dispõe hoje de um Instituto Politécnico com uma grande capacidade de formação e cujo mérito e qualidade são unanimemente reconhecidos. A questão que se coloca é: quantos jovens licenciados no IPB permanecem em Bragança quando concluem a sua formação académica?
O problema não está em ter de sair do concelho para obter uma qualificação académica, mas antes em não ter condições de regressar! A verdade é que muitos jovens, provenientes de Bragança, gostariam de regressar à sua terra Natal, uma vez concluído o seu ciclo de estudos, e não o podem fazer por falta de condições e de políticas adequadas. Seria a universidade a solução milagrosa que viria alterar este facto? Julgo que não!
É um ciclo vicioso no qual urge intervir: A falta de investimento privado origina a falta de empregos que, por sua vez, impede a fixação da juventude, o que origina um envelhecimento e diminuição populacional e, no limite, a desertificação.
De pouco vale afirmar que "a cidade tem capacidade de se afirmar e tenta ganhar centralidade” quando nada se faz nesse sentido. Bragança precisa urgentemente de uma gestão autárquica com visão suficiente para inverter a tendência para o desaparecimento, algo que infelizmente não tem acontecido nos últimos 12 anos!
A solução para os problemas de Bragança está, inevitavelmente, ligada à solução dos problemas da juventude, a qual será, sem dúvida a chave para a inversão da tendência de desaparecimento!
Urge passar das palavras aos actos e evitar o destino trágico que se perspectiva. Urge enfrentar os problemas e procurar soluções! Urge, acima de tudo, empreender politica de juventude, apostar nos jovens e ter coragem de os ouvir!
Ao contrário da ANMP e da CMB não penso que as imposições legais relacionadas com o CMJ sejam “intromissões desproporcionadas na actividade municipal, condicionando a capacidade de acção das Câmaras Municipais, impondo determinadas obrigações que restringem a sua autonomia de gestão”!
Os jovens não podem ser o “parente pobre” da gestão camarária e remetidos sempre para último plano! A tendência para o desaparecimento de Bragança não se combate com palavras, mas com actos e com políticas concretas! O problema de Bragança está na falta de uma política de promoção de emprego e na falta de políticas de juventude que crie condições para a fixação dos jovens. É preciso agir e inverter esta politica que pode ser trágica! O destino da cidade e do concelho depende disso!

Centralização - Beja, Bragança e Portalegre correm risco de desaparecer

In DN - 18 de Fevereiro de 2010
por FRANCISCO MANGAS
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1497343

Portugal "cada vez mais macrocéfalo" põe a maioria das cidades dependentes dos serviços públicos
Algumas capitais de distrito como Bragança, Portalegre ou Beja "estão perto de situações perigosas" num país cada vez mais macrocéfalo. Dependentes dos serviços do Estado, a sua pequena dimensão não lhes permite captar investimento privado. Portugal continua a ser Lisboa, o resto é paisagem. O centralismo "quase genético" ganhou novo alento com a União Europeia e globalização.
"É uma combinação explosiva", diz o geógrafo Álvaro Domingues. "Pequena escala misturado com pouca diversidade funcional", se falhar um sector, "pode ser o caos" em cidades como Bragança, Portalegre ou Beja. A grande dificuldade destas áreas urbanas é sobreviver sem a dependência do investimento público.
Uma universidade, por exemplo, reconhece o autarca de Bragança Jorge Nunes, seria contributo "muito importante" para a cidade. No entanto, não partilha da visão do geógrafo. "A cidade tem capacidade de se afirmar e tenta ganhar centralidade: 60% das exportações de Trás-os-Montes hoje são de Bragança."
O que define a centralidade, agora que se desfazem as fronteiras? "A presença do Governo e da administração pública", responde Álvaro Domingues. A globalização económica alterou a sede de decisão: tudo emigra para a capital - "e, se calhar, Lisboa dará lugar a Madrid". A sede da empresa EDP Renováveis, por exemplo, é em Oviedo, Espanha.
Responsável pela cadeira de Geografia, Território e Formas Urbanas, na Universidade do Porto, Álvaro Domingues lembra que Portugal sempre foi um "reino com cabeça que descentraliza pouco". Nunca nenhuma elite, "desde a Igreja à nobreza", teve poderes para inverter a regra.
"Superconcentrado" durante o Estado Novo, continua macrocéfalo. Não trava o despovoamento do interior: é um país "dependente" dos serviços públicos para sobreviver. "Vai a Coimbra, tira a universidade e os hospitais e ela afunda-se no meio do Mondego", diz Domingues - que define como "cidades do Estado" as capitais de distrito.
Para além de Aveiro e Braga, "com uma economia diversificada", existem apenas "cidades do Estado". Ou seja, sobrevivem graças aos serviços públicos, modernizados nas últimas décadas com os fundos que chegaram da União Europeia.
Mesmo assim, refere o docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, algumas capitais de distrito estão em situação muito difícil.
O presidente da Associação Nacional de Municípios subscreve as palavras do geógrafo. O País "é cada vez mais centralizado", e a tendência centralista "reforçou-se" com o Governo de José Sócrates. Fernando Ruas dá este exemplo: os presidentes das comissões de coordenação e desenvolvimento regionais (CCDR) "eram eleitos pelos autarcas da área correspondente, agora passaram as ser nomeados pelo Governo".
Foi também o Executivo socialista, refere Fernando Ruas, a retirar as câmaras municipais da participação no Instituto de Conservação da Natureza. Antes, os municípios tinham uma palavra na gestão das áreas protegidas.