Há cerca de dez anos Portugal
apresentou a candidatura à organização do Euro 2004. Quando apenas eram
necessários 6 estádios para o efeito, Portugal quis adoptar uma candidatura megalómana
apresentando oito estádios para o efeito.
A candidatura de Portugal acabou
por vencer e o Euro 2004 foi o sucesso que se viu, mas acabamos como pesada
herança ficamos com estádios em Leiria, Aveiro e Algarve.
No entanto, apesar de ter
Estádios projectados e estruturados para o século XXI, a FPF (Federação
Portuguesa de Futebol) insiste que o palco da Final da Taça de Portugal seja o
decrépito Jamor!
Ao escrever esta crónica acabo de
chegar do referido estádio onde assisti à brilhante vitória da minha Briosa
sobre o Sporting Clube de Portugal! Não obstante o meu orgulho de academista,
fruto dos cinco anos passados na magnífica cidade de Coimbra e as saudades que
os anos de estudante deixaram, o brilho da vitória não ofusca a tristeza
causada pela péssima organização e pelo sentimento de incompreensão pela insistência
incompreensível na estipulação do Jamor como final da Taça.
Diz-nos a wikipédia que “Inaugurado a 10 de Junho de 1944, o Estádio
Nacional foi uma criação do Estado Novo, que procurava com este novo recinto
não só a promoção da prática do desporto, mas também a criação de um espaço
para manifestações públicas inspiradas nos princípios políticos vigentes.”´
A verdade é que não são
apenas a inspiração Nazi (Influenciado por obras como o Estádio Olímpico de
Berlim) e o seu forte cariz fascista deste estádio que me fazem escrever esta
crónica! Compreendo o simbolismo do Jamor (não me revejo no mesmo) mas não
compreendo a insistência em fazer do mesmo o palco da final da prova rainha do
futebol português quando dispomos de alguns dos estádios mais modernos e
seguros da europa!
Confesso que fui ingénuo. Cheguei
ao Jamor com a antecedência mais que suficiente para chegar ao meu lugar mais
que a tempo do apito inicial em qualquer estádio com acessos razoáveis e uma
organização decente. Infelizmente enganei-me, pis esse não é o caso do Jamor, e
fruto desse engano não pude ver ao vivo o golo da académica, uma vez que apenas
cheguei ao meu lugar já passavam quase dez minutos do início do jogo! Posso
dar-me por contente, pois outros houve que só chegaram ao seu lugar já o jogo
ia na segunda parte… Felizmente que não choveu (sim tirando a zona VIP o Jamor
não tem cobertura) mas mesmo assim a presença no Jamor foi suficiente para
comprovar algumas das fragilidades deste Estádio.
Os maus acessos (desafio qualquer
um a fazer as sinuosas subidas no meio da mata do Jamor ou em estar no acesso à
A5 à espera da sua vez para entrar…), a má sinalização, o número insuficiente
de portas de entrada (apenas 5 para 37 000 pessoas!), o enorme tempo de espera
necessário para passar os controlos de aceso e entrar, associado à já conhecida
limitação no número de lugares (com uma lotação muito inferior à maioria dos
novos estádios nacionais) e à deficiente estruturação e condições do estádio (cujos
corredores de acesso e divisórias entre sectores não estão preparados para as
exigências dos novos tempos) levam-me a pensar porquê insistir no Jamor e a
fazer o apelo urgente acreditando que seja verdade o boato que se espalha em
surdina que esta foi a última final que ocorreu naquele estádio.
Caso assim não seja deixo apenas
um pequeno alerta. Quem conhece as regras de segurança da qualquer espaço sabe
que o tempo necessário para a evacuação em caso de emergência é sempre superior
ao tempo que se verifica numa conjuntura normal. Ora ao que sei hoje não se
passou nada de anormal no Jamor, sendo que apesar de ainda ter esperado no meu
lugar bem para além do apito final, demorei mais de quinze minutos para
conseguir passar a porta de saída do Jamor (e mais quinze para passar os
caminhos sinuosos da mata até chegar à estrada!), sendo que estou habituado a
sair de qualquer estádio moderno em menos de cinco minutos.
Assim, e nem sequer falando que
demorei quase uma hora para entrar, completamente entalado no meio de uma turba
exaltada pela proximidade do início do jogo, cumpre-me apenas esperar que nunca
se verifique nada de grave no Jamor, pois tenho receio que a falta de segurança
do mesmo provoque o caos e uma verdadeira tragédia!
Compreendendo o simbolismo (ou saudosismo?)
que este Estádio representa, caso se opte por manter a organização da final da
Taça no Jamor, penso que seria conveniente despender alguns euros na introdução
de alguns melhoramentos ao nível dos acessos e formas de entrada dos
espectadores, bem como na requalificação deste estádio antiquado que permita
que o palco esteja à altura da grande competição que recebe.
No entanto, e dada a conjuntura
financeira do país e o elevado nível de estádios de futebol que dispomos, não
sendo eu apegado ao passado (ainda para mais a um passado do qual não me
orgulho minimamente), permitam-me apenas
que tirem urgentemente a final da taça do Estádio do Jamor e aproveitem de uma
forma mais produtiva os magníficos palcos desportivos que dispomos, os quais
são a todos os níveis muito superiores ao estádio de Oeiras!
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