segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tirem a final da Taça do Jamor!


Há cerca de dez anos Portugal apresentou a candidatura à organização do Euro 2004. Quando apenas eram necessários 6 estádios para o efeito, Portugal quis adoptar uma candidatura megalómana apresentando oito estádios para o efeito.
A candidatura de Portugal acabou por vencer e o Euro 2004 foi o sucesso que se viu, mas acabamos como pesada herança ficamos com estádios em Leiria, Aveiro e Algarve.  
No entanto, apesar de ter Estádios projectados e estruturados para o século XXI, a FPF (Federação Portuguesa de Futebol) insiste que o palco da Final da Taça de Portugal seja o decrépito Jamor!
Ao escrever esta crónica acabo de chegar do referido estádio onde assisti à brilhante vitória da minha Briosa sobre o Sporting Clube de Portugal! Não obstante o meu orgulho de academista, fruto dos cinco anos passados na magnífica cidade de Coimbra e as saudades que os anos de estudante deixaram, o brilho da vitória não ofusca a tristeza causada pela péssima organização e pelo sentimento de incompreensão pela insistência incompreensível na estipulação do Jamor como final da Taça.
Diz-nos a wikipédia que “Inaugurado a 10 de Junho de 1944, o Estádio Nacional foi uma criação do Estado Novo, que procurava com este novo recinto não só a promoção da prática do desporto, mas também a criação de um espaço para manifestações públicas inspiradas nos princípios políticos vigentes.”´
A verdade é que não são apenas a inspiração Nazi (Influenciado por obras como o Estádio Olímpico de Berlim) e o seu forte cariz fascista deste estádio que me fazem escrever esta crónica! Compreendo o simbolismo do Jamor (não me revejo no mesmo) mas não compreendo a insistência em fazer do mesmo o palco da final da prova rainha do futebol português quando dispomos de alguns dos estádios mais modernos e seguros da europa!
Confesso que fui ingénuo. Cheguei ao Jamor com a antecedência mais que suficiente para chegar ao meu lugar mais que a tempo do apito inicial em qualquer estádio com acessos razoáveis e uma organização decente. Infelizmente enganei-me, pis esse não é o caso do Jamor, e fruto desse engano não pude ver ao vivo o golo da académica, uma vez que apenas cheguei ao meu lugar já passavam quase dez minutos do início do jogo! Posso dar-me por contente, pois outros houve que só chegaram ao seu lugar já o jogo ia na segunda parte… Felizmente que não choveu (sim tirando a zona VIP o Jamor não tem cobertura) mas mesmo assim a presença no Jamor foi suficiente para comprovar algumas das fragilidades deste Estádio.
Os maus acessos (desafio qualquer um a fazer as sinuosas subidas no meio da mata do Jamor ou em estar no acesso à A5 à espera da sua vez para entrar…), a má sinalização, o número insuficiente de portas de entrada (apenas 5 para 37 000 pessoas!), o enorme tempo de espera necessário para passar os controlos de aceso e entrar, associado à já conhecida limitação no número de lugares (com uma lotação muito inferior à maioria dos novos estádios nacionais) e à deficiente estruturação e condições do estádio (cujos corredores de acesso e divisórias entre sectores não estão preparados para as exigências dos novos tempos) levam-me a pensar porquê insistir no Jamor e a fazer o apelo urgente acreditando que seja verdade o boato que se espalha em surdina que esta foi a última final que ocorreu naquele estádio.
Caso assim não seja deixo apenas um pequeno alerta. Quem conhece as regras de segurança da qualquer espaço sabe que o tempo necessário para a evacuação em caso de emergência é sempre superior ao tempo que se verifica numa conjuntura normal. Ora ao que sei hoje não se passou nada de anormal no Jamor, sendo que apesar de ainda ter esperado no meu lugar bem para além do apito final, demorei mais de quinze minutos para conseguir passar a porta de saída do Jamor (e mais quinze para passar os caminhos sinuosos da mata até chegar à estrada!), sendo que estou habituado a sair de qualquer estádio moderno em menos de cinco minutos.
Assim, e nem sequer falando que demorei quase uma hora para entrar, completamente entalado no meio de uma turba exaltada pela proximidade do início do jogo, cumpre-me apenas esperar que nunca se verifique nada de grave no Jamor, pois tenho receio que a falta de segurança do mesmo provoque o caos e uma verdadeira tragédia!
Compreendendo o simbolismo (ou saudosismo?) que este Estádio representa, caso se opte por manter a organização da final da Taça no Jamor, penso que seria conveniente despender alguns euros na introdução de alguns melhoramentos ao nível dos acessos e formas de entrada dos espectadores, bem como na requalificação deste estádio antiquado que permita que o palco esteja à altura da grande competição que recebe.  
No entanto, e dada a conjuntura financeira do país e o elevado nível de estádios de futebol que dispomos, não sendo eu apegado ao passado (ainda para mais a um passado do qual não me orgulho minimamente), permitam-me  apenas que tirem urgentemente a final da taça do Estádio do Jamor e aproveitem de uma forma mais produtiva os magníficos palcos desportivos que dispomos, os quais são a todos os níveis muito superiores ao estádio de Oeiras!

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